25/09/2015 - Globo/Bom Dia Brasil

Fiesp monta feirão para mostrar impostos embutidos nos preços

Carga tributária do país é de 35% do PIB, quase igual à da Alemanha, de 36%. A diferença é a qualidade inferior dos serviços públicos no Brasil.

 

Enquanto o governo estuda aumentar os impostos, o Bom Dia Brasil foi ver quantos tributos estão embutidos nos preços de alguns produtos Se ainda for somado o Imposto de Renda, a carga fica alta para todo mundo. A Federação das Indústrias de São Paulo montou um feirão para chamar a atenção para os impostos que estão embutidos nos produtos dos supermercados e que nem sempre se percebe.

 

O salário já chega com a mordida do leão e outros descontos.
Bom Dia Brasil: Quando você pega o seu contracheque, qual é a sensação?
Consumidor: “Desânimo”.

 

“Do meu salário, acho que praticamente 20% era debitado de INSS, de toda essa parte de Imposto de Renda, tudo isso. Para quê?” – questiona a secretária Andréia Siqueira.
A tabela do Imposto de Renda prevê uma faixa de isenção e mais três. Está na faixa mais alta quem recebe acima de R$ 4.664 por mês. Aí, paga 27,5%.

 

Isoladamente, o Imposto de Renda, no Brasil, não é mesmo dos mais altos. Mas nós pagamos muitos outros tributos. Sobre o patrimônio – carros e imóveis – tem IPVA e IPTU. ICMS, IPI e ISS são alguns dos impostos que aumentam o preço de produtos e serviços. E sabe o que essa sopa de letrinha significa? Que 35% de toda a riqueza produzida no país sai do nosso bolso para os cofres da União, dos estados e dos municípios. E a gente nem se dá conta dos impostos que paga.

 

“Olha, eu gastei R$ 151. Só R$ 40 de imposto. Olha só. Ou seja, de fato, eu gastei R$ 110. Um absurdo”, reclama a terapeuta de família Angela Herrera.

 

A carga tributária brasileira, que nos anos 90 era de 25% do PIB, chegou aos atuais 35%. Quase igual à da Alemanha, que é de 36% do PIB. E o Imposto de Renda lá é bem maior: Chega a 47,5%. Mas o que o governo faz com esse dinheiro é que é diferente. O IDH – Índice de Desenvolvimento Humano medido pela ONU – da Alemanha é mais de 20% superior ao do Brasil.
“Temos que agir como os alemães, sermos eficientes na gestão pública e menos corrupção, nós temos uma carga tributária muito alta, na medida em que o cidadão não tem o retorno do investimento feito, não tem a educação, saúde”, ressalta o advogado tributarista Miguel Silva.
A Fiesp montou o Feirão do Imposto, na Avenida Paulista, para mostrar os tributos que estão escondidos no preço de cada produto: 37% na água mineral e no shampoo, 44%.

 

“O imposto tem que voltar na qualidade da prestação dos serviços públicos que o governo dá”, diz o diretor do Comitê de Jovens Empreendedores da Fiesp, Luiz Augusto Hoffmann.
“No momento que estão as coisas, só estão tirando, e você recebe o quê em troca? Nada”, queixa-se o chefe de cozinha José Rubens Morais.

 

Se a gente quiser deixar a Alemanha de lado, dá para comparar o Brasil com os vizinhos. Argentina: 11% menos imposto, 8% mais qualidade de vida. Uruguai: 25% menos imposto, 20% mais qualidade de vida.